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Cerca de 4 em cada 10 brasileiros têm formação superior à exigida em vaga de trabalho, aponta Ipea

Aumentou na última década a fatia de trabalhadores brasileiros que têm escolaridade superior à exigida pelos empregos que ocupam, como aponta um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A chamada população sobre-educada representava cerca de 26% dos trabalhadores em 2012, percentual que saltou a 38% em 2020 e que seguiu estável até 2023.

A pesquisa “A Evolução da Sobre-Educação no Brasil e o Papel do Ciclo Econômico entre 2012 e 2023” analisou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE. O estudo revela um crescimento da população com mais anos de estudo do que o máximo indispensável para a função principalmente entre aqueles com ensino médio completo, mas que estão em ocupações que exigem apenas o fundamental.

– O crescimento da sobre-educação entre aqueles com ensino superior também foi expressivo. A sobre-educação também aumentou mais entre os informais, no caso, os trabalhadores por conta própria e empregados sem carteira assinada – explica o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea Sandro Sacchet, um dos autores do estudo.

Agricultura e alimentação

Ainda de acordo com a análise, os homens não apenas apresentam maior incidência de sobre-educação, como a diferença em relação às mulheres se ampliou ao longo do tempo. Já em relação à idade, o percentual de trabalhadores com maior formação do que o exigido é superior entre os jovens, mas o aumento mais acentuado ocorreu no grupo com idade entre 35 e 49 anos.

Setores como agricultura e alojamento e alimentação, que geralmente não demandam alta escolaridade, tiveram um aumento significativo de quase 20 pontos percentuais na sobre-educação. Por outro lado, setores de serviços financeiros e prestados a empresas, onde há uma demanda maior de trabalhadores mais qualificados, houve uma leve diminuição na taxa de sobre-educação.

Sacchet, do Ipea, analisa ainda que os índices de sobre-educação indicam que parte do investimento educacional não está sendo plenamente aproveitado no mercado de trabalho.

– Ter uma população mais educada é positivo, pois esses são os trabalhadores mais produtivos. Contudo, esse desequilíbrio entre o requerimento de escolaridade das ocupações e a escolaridade dos trabalhadores tem muitos aspectos negativos. Por exemplo, remunerações mais baixas para os anos de escolaridade acima do nível de exigência da ocupação do que para os anos de estudo correspondentes às necessidades da ocupação – afirma.

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