Todos diretores do BC (Banco Central), inclusive os 4 indicados pelo atual governo, seguiram nesta 4ª feira (19.) o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, e optaram por manter a taxa básica de juros, a Selic, em 10,50%.
A decisão unânime do Copom (Comitê de Política Monetária) se deu apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter subido o tom e criticado Campos Neto na véspera do anúncio.
Se o encontro de maio teve um racha no colegiado, a reunião desta 4ª feira (19) apresentou uma coesão na política monetária.
Os analistas do mercado financeiro já esperavam a manutenção da Selic, mas a dúvida era se o Copom teria polarização como na reunião anterior.
Os indicados do atual presidente são:
- Gabriel Galípolo (Política Monetária) – assumiu o cargo em 12 de julho de 2023;
- Ailton Aquino (Fiscalização) – assumiu o cargo em 12 de julho de 2023;
- Rodrigo Teixeira (Administração) – assumiu o cargo em 1º de janeiro de 2024;
- Paulo Picchetti (Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos) – assumiu o cargo em 1º de janeiro de 2024.
RACHA NO COPOM
Um comitê dividido não é bom para este período de transição na presidência do Banco Central. Há um receio entre os agentes financeiros de que as saídas de Roberto Campos Neto e de mais 2 diretores em dezembro de 2024 possam tornar a autoridade monetária mais tolerante com a inflação mais alta.
As expectativas para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) estão desancoradas. As projeções para 2025 e 2026 estão em alta e pararam de convergir para o centro da meta, que é de 3%.
A tolerância da meta é de 1,5 ponto percentual, ou de 1,5% a 4,5%. O trabalho do Banco Central é levar a inflação para o centro da meta. O que agentes econômicos pensam é que as saídas de 3 integrantes indicados pelo governo Jair Bolsonaro (PL) poderiam mudar o princípio de cautela e tornar o BC mais leniente, o que seria um risco principalmente em momentos de incerteza internacional.
Os indicados de Lula fizeram aceno ao mercado e optam por dar mais credibilidade à política monetária e ao controle da inflação. Mais do que isso: diminuiu a percepção de uma rivalidade “Lula X Bolsonaro” de dentro do Banco Central.
O diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, foi um dos que votou com Campos Neto. Ele é um dos maiores cotados para assumir a presidência da autoridade monetária em 2025, quando Campos Neto sair do cargo.
Antes, ele foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda, o número 2 do ministro Fernando Haddad.