OUÇA A HITS AO VIVO

OUÇA A HITS AO VIVO

Fila de espera por cirurgias no SUS cresce 26% em 2024

A fila de espera por cirurgias no SUS cresceu 26% em 2024.

A catarata que comprometeu a visão do olho direito agora ameaça o esquerdo. Sem previsão de quando será operado pelo SUS, o aposentado José Antônio Pereira vai perdendo a esperança de voltar a enxergar bem.

“Eu fico muito preocupado. E uma coisa que revolta a gente é que eles não dão não dão nenhum parecer, fala: ‘você está na fila, você está na fila'”, relata.

Uma fila que não é pequena. Mais de 1,3 milhão de brasileiros aguardam por cirurgias eletivas no SUS, segundo dados oficiais obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.

Cirurgias eletivas são as que não são consideradas urgentes. É como se toda a população de Porto Alegre estivesse à espera de atendimento. A maior procura é pela cirurgia de catarata.

Há décadas o SUS convive com filas e o problema se agravou por causa da pandemia de Covid, quando mais de um milhão de cirurgias tiveram que ser canceladas ou adiadas.

Em fevereiro de 2023, o Ministério da Saúde lançou o Programa Nacional de Redução das Filas, com incentivo financeiro para estados e municípios que conseguissem agilizar o atendimento. Mas, em vez de diminuir, a fila para cirurgias eletivas cresceu 26% em 2024, na comparação com 2023.

As maiores filas estão nos estados mais populosos do país. São Paulo e Minas Gerais têm, juntos, mais de 600 mil pacientes à espera de um procedimento cirúrgico. É praticamente metade do total.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirma que o SUS realizou quase 14 milhões de cirurgias eletivas em 2024 — um número recorde. Ainda segundo a ministra, o objetivo daqui para frente é reduzir o tempo de espera, que hoje, em média, é de dois anos e quatro meses.

“Sempre nós teremos uma fila o que é importante é trabalharmos para aumentar a produção de consultas, de exames e de cirurgias e reduzir o tempo de espera. Definimos aquelas especialidades onde havia uma maior espera, situações mais críticas, tratamentos dos cânceres, o período de 30 dias para fechar um diagnóstico e daí o encaminhamento para o procedimento que for necessário e, no caso de outras especialidades, 60 dias”, diz a ministra da saúde, Nísia Trindade.

O médico sanitarista Walter Cintra Ferreira, professor da FGV, defende que o SUS priorize os pacientes mais graves.

“Tem que ser uma fila que seja com critérios não cronológicos simplesmente, mas tem que ser critérios conforme o quadro clínico do paciente. como é por exemplo a fila dos transplantes. Eu acho que isso tem que tem que ser reproduzido para outros procedimentos, como os procedimentos ortopédicos de alta complexidade, os procedimentos neurológicos e outros”, comenta.

Seu José, que já não consegue dirigir e nem sair de casa sozinho. Agora torce pra que a espera de tantos meses não piore ainda mais a situação dele.

“De repente se falar falasse assim: ‘ó, você vai operar daqui um ano…’ só me desse uma data, está tudo bem, então não tem o que fazer, né, mas você fica nessa indefinição. Então eu fico com medo vai que na hora que me chamarem já não tem mais jeito, né?”, diz.

Outras Notícias